Pra você parar de dizer que não tem mina fazendo beat
Nós sempre fomos fissuradas por música, e todo mundo que se aproximava percebia isso na gente. Inseridas na cena hip hop, ultramachista, começamos a trabalhar como DJs. A gente sabia que teria que se provar ali também. As pessoas dão muitas desculpas e motivos nem um pouco convincentes para não abrir espaço na mesma proporção pras minas. A gente sempre ouve que não tem mina suficiente no game, por exemplo. Pra mostrar que não é verdade, a gente apresenta aqui incríveis produtoras musicais.
Mas amigas e amigos, foi muito difícil descobrir outras beatmakers além das que estão em nosso radar, simplesmente porque às vezes é impossível pesquisar sobre a pessoa! Acabamos deixando muita gente de fora, porque não conseguimos saber mais sobre o trabalho. Há pouca divulgação do trabalho delas, e poucas pretas.
Veja também:
- Path: Hitmaker do braga-funk diz que o futuro da música está na periferia
- Favela é palco de carnaval funk e movimenta dinheiro, diversão e afetos
- As mulheres do sertanejo invadiram um reduto machista. Resta saber se não é mais uma modinha
Todos nós que trabalhamos com arte precisamos tirar um dia pra fazer um press release (comunicado à imprensa para divulgação de trabalho ou produto). Se você é independente, é ainda mais importante perder um tempo com isso. Mesmo que você ache que não sabe fazer, acredite, elaborar um texto curto contando de onde você vem, por que começou e quais são suas inspirações ajuda muito! Então, bora separar um dia pra se dedicar a sua "bio", hein? Ajuda nóiz!
O mais triste, porém bastante esperado, é que encontramos poucas beatmakers negras. Somos as mulheres mais sobrecarregadas das coisas da vida… Na nossa caminhada vimos várias abandonando ou parando indefinidamente o trampo por conta da maternidade e sustento. Mas vamos à lista!
BadSista
Produtora paulistana nascida em Itaquera, aprendeu ainda criança e de forma autodidata a tocar violão. Mais tarde, conseguiu uma bolsa em produção fonográfica e começou a se aventurar nos processos de produção musical. Fundadora do coletivo Bandida, protagonizado por mulheres DJs e produtoras, em 2015, BadSista lançou o single "Na Madruga", em parceria com o produtor brasiliense Tap pela gravadora Beatwise. Foi tão sucesso que ganhou remixes dos produtores Sango e Branko. BadSista é a diretora musical do álbum "Pajubá" de Linn da Quebrada, e produziu junto com a dupla Marginal Men a faixa "Firmeza" do álbum "A mulher do fim do mundo", de Elza Soares.
Rayany Sinara
Produtora musical e beatmaker, nasceu em Mato Grosso do Sul e vive em São Paulo desde 2017. Autodidata, sua vibe transita pelo hip hop, house e techno.
Saskia
A cantora e compositora gaúcha Saskia chama atenção na cena de Porto Alegre. É conhecida como Sal, e deve ter seu primeiro disco produzido por Negro Leo e Ava Rocha.
DJ Hurley
Essa braba aí é recomendação da DJ Brum, e a gente gostou demais! Ela faz parte da Tropa do Gordão, é de Belo Horizonte e produz funk malandrão, daquele jeito que a gente gosta!
Apuke
DJ desde os 16 anos, ela tem mergulhado no mundo das produções. Há mais de um ano e meio, carrega na inspiração de blues, trap e jazz e faz parte do grupo "Quebrada queer", com várias produções na pista.
Attlanta
Attlanta tem 23 anos, é de Belo Horizonte e produz trap. Em entrevista, ela trocou uma ideia com a gente e contou que se inspira nos trabalhos de Lex Luger, na época de ouro do Dirty South, que a fez sonhar em ser produtora, além de Southside, "pela versatilidade dos 808", e no produtor americano Zaytoven, pelas melodias complexas de piano.
Cita ainda WondaGurl, "a maior beatmaker mulher que temos hoje em dia, referência máxima, já produziu Jay-Z, Kanye West e driblou toda uma cena de boicote".
DJ Brum
Barbara Brum, a DJ Brum, começou a carreira como dançarina. Estuda a cultura hip hop e o funk, produz há 7 anos e mora atualmente em Florianópolis. Ela também conversou com a gente e conta que ser uma mulher no hip hop é "basicamente ter muito pouca identificação com o meio e pouquíssimas referências". "Quem convive em meios majoritariamente masculinos sabe que nós mulheres temos que ficar provando capacidade e inteligência o tempo inteiro, e mesmo assim, na hora H, vão preferir dar espaço pra outro cara, porque ninguém quer dar o primeiro passo de credibilizar uma mulher, até mesmo outras mulheres."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.